sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Mundo enfrentará nova recessão, prevê Roubini

Economista, que previu a crise internacional de 2008, diz que os países mais ricos já estão em marcha lenta
19 de agosto de 2011 | 0h 00
- O Estado de S.Paulo

NOVA YORK



O mundo deverá enfrentar uma dupla recessão. A aposta é do economista Nouriel Roubini, que previu a crise internacional que estremeceu as finanças globais em 2008. Em artigo publicado no site Projetc Syndicate, ele afirma que a recuperação da primeira turbulência foi “anêmica em muitas economias avançadas”.

Para ele, os sinais de uma nova recessão são a grande volatilidade e a enorme correção de preços no mercado financeiro global. Combinado a esses fatos estão os altos preços do petróleo e das commodities, as turbulências no Oriente Médio, a questão fiscal dos Estados Unidos e o terremoto no Japão. “Economicamente, os Estados Unidos, o Reino Unido, a zona do euro, e o Japão estão em marcha lenta”, escreveu o economista. Ele ressalta que até mesmo as economias emergentes e tipicamente exportadoras atravessam uma “forte desaceleração”.

Até o ano passado, os formuladores de políticas econômicas dos países podiam tirar vários “coelhos da cartola” para reaquecer os preços dos ativos e promover a recuperação econômica. Foram utilizados estímulos fiscais, taxa de juros próxima de zero, provisão de liquidez para bancos e instituições financeiras e trilhões de dólares em planos de resgates. “Agora, eles acabaram com todos os coelhos”, disse.

A atual política fiscal, diz Roubini, é um entrave para o crescimento econômico na zona do euro e no Reino Unido. “Nos Estados Unidos, governos estaduais e municipais e, agora, o federal, estão cortando despesas.”

Para Roubini, uma nova rodada de salvamento dos bancos é “politicamente inaceitável e economicamente inviável”. “A maioria do governos, especialmente os da Europa, estão angustiados porque os salvamentos são quase inacessíveis.”

A desvalorização da moeda também não é uma opção viável para todas as economias avançadas, analisa o economista. Os países precisam de uma moeda mais fraca e um melhor equilíbrio comercial. “Mas não é possível ter tudo ao mesmo tempo.”

Especificamente na Europa, ele analisa que Itália e Espanha estão correndo risco de perderem acesso ao mercado, com o aumento da pressão sobre a França. “Por enquanto, o Banco Central Europeu vai adquirir alguns dos seus ativos como uma ponte para a criação do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (ESFS, na sigla em inglês).”

No artigo, o autor ainda diz que as empresas estão cortando empregos, porque não há demanda suficiente, o que, diz ele, não colabora para a retomada do crescimento mundial. “O corte de emprego reduz o rendimento do trabalhador, aumenta a desigualdade e reduz a demanda final.”
FONTE

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