quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Cá entre nós... 10 perguntas sobre os incêndios em favelas paulistas

Mais um incêndio atingiu, no último dia 3, uma favela da cidade de São Paulo. Desta feita, as vítimas foram os moradores da Favela do Piolho, no bairro do Campo Belo, na zona sul da capital, numa área que fica próxima, bem pertinho mesmo, do aeroporto de Congonhas, imponentemente encravado em região nobre da metrópole. Em 2012, foi o 32º incêndio dessa natureza em São Paulo (média de quatro por mês). Já tinham sido registados outros 79, no ano passado. Só no de segunda-feira, quase 300 casas foram destruídas e mais de mil pessoas ficaram desabrigadas. Não tenho, confesso, condições de fazer afirmações. Mas, como sugeria e ensinava o filósofo grego Sócrates, ao reconhecer que “só sei que nada sei”, posso fazer perguntas. Questionar não ofende. E ajuda a pensar. Minhas dúvidas: 1. Será que a Prefeitura de São Paulo nos considera mesmo tolinhos e imagina que vamos acreditar, num exercício de fé profunda, que os incêndios são apenas coincidências, lamentáveis tragédias? 2. Incêndios em favelas nessa quantidade acontecem em alguma outra cidade do planeta? Ou São Paulo é um foco isolado, um ponto fora da curva, uma “metrópole incendiária exclusiva”? 3. Será que apenas os moradores de favelas não sabem acender o gás ou riscar um fósforo, não sabem lidar com o fogo? 4. Por que essa mesma quantidade de incêndios não acontece em condomínios de luxo dos bairros nobres da cidade? 5. Por que a prefeitura paulistana, à época da administração de José Serra, desativou o Programa de Segurança contra Incêndio, implantado durante a gestão da prefeita Marta Suplicy e que tinha como propósito justamente desenvolver acções de prevenção e orientação especificamente em favelas? E por que o actual prefeito, Gilberto Kassab, não retomou o programa? (não estou fazendo nenhuma apologia eleitoreira). 6. Por que os bombeiros e as demais autoridades públicas responsáveis pelas investigações não conseguem explicar ou definir as causas e os responsáveis pelos incêndios, com os laudos finais invariavelmente apontando para “motivos indeterminados”? 7. Será que o que de fato move esses incêndios é uma deliberada política de higienização e limpeza social, destinada a expulsar os moradores das favelas, que “enfeiam as paisagens”, para aproveitar os terrenos finalmente “limpos” para a especulação imobiliária, tornando assim a fotografia da capital “mais bela e atraente”? 8. Por que nenhum jornal de referência e de grande circulação faz as perguntas que devem ser feitas, com intuito de construir a melhor versão possível da realidade? 9. Por que os repórteres de emissoras de rádio e de TV que transmitem informações ao vivo sobre os incêndios (incluindo os repórteres aéreos) parecem sempre mais preocupados com os reflexos dos incêndios sobre o trânsito, em apontar rotas alternativas para os motoristas, do que em dedicar atenção às vítimas das tragédias (muitas fatais) ou à destruição de casas e de sonhos? 10. Por que nos acostumamos aos incêndios nas favelas e passamos a considerá-los algo “natural, normal”, como se já fizessem parte da paisagem urbana e do quotidiano da metrópole, aceitando resignadamente a banalização da tragédia e da violência? Em que lugar do passado ficou perdida nossa capacidade de indignação e de reacção? libertar.in

3 comentários:

  1. Essa alienação ,faz presente a acomodação.
    Por isso não possuem a capacidade de reagir, de fazer algo para a sociedade. E isso é muito triste.

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  2. Concordo que sempre há muitas coisas que não são passadas à população. Porém, nesse caso não seriam os excessos de gato que causam pane na rede elétrica e curtos o causador do incêndio desses locais? A incidência é maior nas favelas do que nos condomínios de luxo, pq nesse último o poste não tem um emaranhado de fios (gato). Será que não é isso?

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  3. olha amigo concordo sim que muitos gatos podem provocar incendio mas repare bem o quanto de incendio vem acontecendo so nesse semestre tem favela que ja pegou fogo 2 ou 3 vezes so nesse ano repare bem sera que a culpa e so dos moradores. e outra nao ha uma politica de moradia e nenhum esforço da prefeitura ou governo en construir casa populares ou apartamentos tipo cdhu para esses cidadoes que moram nessas areas para os nossos governantes o unico jeito de tirar essas pessoas dessas areas invadidas e somente com incedios ,muito triste isso

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